WHAA – NÓS, ENTRE ELA E EU
60 min
De Lilly Baniwa e Veronica Fabrini
Um encontro inusitado entre dois espaços, duas temporalidades, duas culturas, dois corpos. Seria possível que um sonhasse com o outro? Que os sonhos se misturassem e, como uma maré cósmica, fizessem a alquimia da mistura? Ou que essas duas almas viventes se atraíssem como pequenos astros na imensidão escura do céu? Seria possível que sementes germinassem em terras estranhas? Qual fruto nasceria daí? As imagens, que dissolvem teatro em cinema e cinema em teatro, seguem o cotidiano de duas mulheres, distantes 3.414 quilômetros. São Gabriel da Cachoeira e São Paulo. Ou antes, Hipanako e Piratininga. Cachoeira e peixe seco: possibilidades de voltar a nadar, a fluir? Acordar, ajeitar a casa, vestir-se para o dia, cozinhar, percorrer caminhos, trabalhar, voltar para a casa, jantar e devanear um pouco, dormir, sonhar. Quais espíritos habitam esses sonhos? Corpo indígena e não indígena, linguagens impressas nas coisas, nos espaços, nas ações mais simples, trazendo em si memórias ancestrais. Um “nós” diverso, desejo de confluir como os rios, atendendo ao chamado dos sonhos, das sincronicidades, das pequenas surpresas: aqui estou, ali estou; eu sou passado, presente e futuro; eu sou início, meio e fim. Eu sou árvore, sou mulher, sou da aldeia, da cidade, que vive na roça, no décimo terceiro andar. Pego lenha, mas também vivo no escritório; espanto cobra e vou ao shopping para fazer compras. Eu vejo água, eu sou água que se espalha no espaço. Eu estou na cidade? Eu estou na floresta?
Concepção e atuação: Lili Baniwa e Veronica Fabrini / Direção de imagem: Rodrigo Spina / Interlocução na dramaturgia: Luciene Guedes / Edição: Gabriel Goes
